IMPLOSÃO CULTURAL: LUCAS SANTTANA E OS MUITOS SONS DO VIOLÃO.

        “Sem Nostalgia” é o quarto CD do artista baiano Lucas Santtana. Você pode não saber quem ele é, até porque ainda não é muito conhecido pelo grande público, mas nem por isso ele deixa de ter seu espaço. Lucas é bem visto pela crítica nacional e até internacional (foi destaque no The New York Times), além de ser elogiado por artistas consagrados, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, com quem já dividiu o palco.
        Nesse CD, ele coloca de cabeça pra baixo, no bom sentido, o estilo voz e violão já consagrado pelo mestre da Bossa Nova, João Gilberto. Como o próprio artista diz, já estava na hora da MPB ser reinventada. Quem escuta “Sem Nostalgia” sem atenção pode pensar que é uma obra complexa. Pelo contrário. É uma produção simples, porém contemporânea e nada convencional. Prova disso é o fato de que todos os sons são tirados do violão, até os percussivos, tirados do corpo do instrumento base do disco. Entretanto, o toque de originalidade da obra de Lucas fica por conta da gravação do CD ter sido feita em dois ambientes, no estúdio e ao ar livre, para captar os sons minimalistas vindos da natureza, e da manipulação desses com suporte tecnológico.
        Logo na primeira faixa, a instrumental “Super Violão Mashup”, o artista mostra a que veio. Os dedilhados nas cordas dos violões somados às batidas eletrônicas só reforçam o talento de Lucas Santtana e sua visão moderna sobre a música. Todo o disco tem arranjos inovadores, mas a nostalgia do artista fica evidente em “Cira, Regina e Nana”, um samba que possui clara influência do swing de seu ídolo, Jorge Ben. Toda a inovação proposta por Lucas seria quase inútil se não viesse acompanhada de suas lindas composições, sendo cinco em inglês, em parceria com o americano Arto Lindsay, o que comprova sua capacidade de escrever também em outro idioma. O disco ainda conta com colaboração de nomes renomados como Curumin, Gustavo Lenza, Buguinha, entre outros.
        “Sem Nostalgia” é um disco que mostra que voz e violão podem muito bem soar como banda. Não é à toa que ele é tão comentado e faz de Lucas Santtana um dos artistas da nova geração da MPB que mais tem pra oferecer, principalmente pela coragem em não repetir fórmulas, em inovar.